quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Crônica Dissertativa


Escritor e humorista gaúcho (26/9/1936). Nasce em Porto Alegre, filho do escritor Érico Veríssimo. É alfabetizado na Califórnia, Estados Unidos (EUA), para onde se muda com a família aos 7 anos. De volta ao Brasil, estuda no Instituto Porto Alegre até os 16 anos. Termina o 2º grau nos EUA, e ali vive até 1956. Em 1962 vai para o Rio de Janeiro, onde permanece por cinco anos empregado no jornal da Câmara de Comércio Americana. Casado e com uma filha pequena, volta para Porto Alegre e, em 1967, trabalha como redator no jornal gaúcho Zero Hora. Passa a assinar sua primeira coluna diária no jornal em 1969. Estréia na literatura em 1973 com o livro de crônicas "O Popular". Entre seus mais de 40 títulos publicados a partir de então, incluem-se O Analista de Bagé (1977), A Velhinha de Taubaté (1983) e Comédias da Vida Pública (1995). Como humorista, desenha o personagem Ed Mort nos quadrinhos Procurando o Silva, posteriormente adaptado para o cinema por Alain Fresnot. As histórias de O Analista de Bagé, Brasileiros e Brasileiras, A Família Brasil e O Marido do Dr.Pompeu são adaptadas para o teatro. Seu livro de crônicas Comédias da Vida Privada (1994) origina a série de mesmo nome produzida pela TV Globo. Atualmente colabora em jornais e revistas, além de assinar uma coluna diária nos jornais Zero Hora e O Estado de S.Paulo, para o qual também escreve, aos domingos, uma crônica ilustrada com os personagens de A Família Brasil.

Crônica Poética

Lápis de Cor


Para um menino lápis de cor com pássaros na cabeça*

Não há mais novidade em te dizer isso. Afinal, te propus que fotografes borboletas, te disse dos pássaros, já te chamei de lápis de cor. Não é fácil estar longe quando dentro tem-se borboletas que esperam por cores, por movimento, pela abertura da gaiola. Mas há um rompimento entre o que carrega-se dentro e o lado de fora. É abrupto de distância, um sulco na alma. Soluço temperado de impossibilidades. Magritte coloca no canvas a imagem que faço de ti, o colorido que trazes para mim. O amarelo que outrora fora incerto e desdenhado, agora resplandece água, suporta o vermelho das flores. Faz o lápis tocar o papel e ritualizar os segundos. Miragem.
Ainda assim quero te mostrar a fotografia do viés de antes: imagens ocas e em preto e branco. Grafite espesso moldando tudo em mim. Mosaicos em forma de asas, pássaros, borboletas. Uma espécie de jardim secreto. Vieste lápis policromático, multifacetado. Não sei como me chegaste, por quais descaminhos. E nem sei a hora da partida. Mas te narro esse estreito laço que nos une com cores, novos tons. Vou continuar desenhando dentro de mim, vou variar as formas, as asperezas. Vou varar noites procurando. E etérea flutuar nos dias de mares amarelos, de marés constantes, de cheias e memórias que revelam céus e ocasos lápis de cor.


http://amaritima.blogspirit.com/cronica_poetica/

Crônica Humoristica

DAR NÃO É FAZER AMOR Dar é dar.


Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.Mas dar é bom pra cacete.Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...Te chama de nomes que eu não escreveria...Não te vira com delicadeza...Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.Melhor do que dar, só dar por dar.Dar sem querer casar....Sem querer apresentar pra mãe...Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...Te amolece o gingado... Te molha o instinto.Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro.Dar é bom, na hora.Durante um mês.Para os mais desavisados, talvez anos.Mas dar é dar demais e ficar vazio.Dar é não ganhar.É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro. É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra daro primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:"Que que cê acha amor?". É não ter companhia garantida para viajar.É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.Dar é não querer dormir encaixadinho...É não ter alguém para ouvir seus dengos...Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito. Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.Esse sim é o maior tesão.Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuarExperimente ser amado...

Luís Fernando Veríssimo

Crônica Humoristica

Crônica de um amor anunciado


Toda pessoa apaixonada é um publicitário em potencial. Não anuncia cigarros, hidratantes ou máquinas de lavar, mas anuncia seu amor, como se vivê-lo em segredo diminuísse sua intensidade.O hábito começa na escola. O caderno abarrotado de regras gramaticais, fórmulas matemáticas e lições de geografia, e lá, na última página, centenas de corações desenhados com caneta vermelha. Parece aula de ciências, mas é introdução à publicidade. Em breve se estará desenhando corações em árvores, escrevendo atrás da porta do banheiro e grafitando a parede do corredor: Suzana ama João.A partir de uma certa idade, a veia publicitária vai tornando-se mais discreta. Já não anunciamos nossa paixão em muros e bancos de jardim. Dispensa-se a mídia de massa e parte-se para o telemarketing. Contamos por telefone mesmo, para um público selecionado, as últimas notícias da nossa vida afetiva. Mas alguns não resistem em seguir propagando com alarde o seu amor. Colocam anúncios de verdade no jornal, geralmente nos classificados: Kika, te amo. Beto, volta pra mim. Everaldo, não me deixe por essa loira de farmácia. Joana, foi bom pra você também?O grau máximo de profissionalismo é atingido quando o apaixonado manda colocar sua mensagem num outdoor em frente a casa da pessoa amada. O recado é para ela, mas a cidade inteira fica sabendo que alguém está tentando recuperar seu amor. Em grau menor de assiduidade, há casos em que apaixonados mandam despejar de um helicóptero pétalas de rosas no endereço do namorado, ou gastam uma fortuna para que a fumaça de um avião desenhe as iniciais do casal no céu. A criatividade dos amantes é infinita.O amor é uma coisa íntima, mas todos nós temos a necessidade de torná-lo público. É a nossa vitória contra a solidão. Assim como as torcidas de futebol comemoram seus títulos com buzinaços, foguetório e cantorias, queremos também alardear nossa conquista pessoal, dividir a alegria de ter alguém que faz nosso coração bater mais forte. É por isso que, mesmo não sendo adepta do estardalhaço, me consterno por aqueles que amam escondido, amam em silêncio, amam clandestinamente. Mesmo que funcione como fetiche, priva o prazer de ter um amor compartilhado.
Martha Medeiros

Crônica Lírica

Apelo
Dalton Trevisan

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.


http://www.releituras.com/daltontrevisan_apelo.asp

Crônica Nrrativo-descritiva

Brinquedos incendiados
Cecília Meireles

Uma noite houve um incêndio num bazar. E no fogo total desapareceram consumidos os seus brinquedos. Nós, crianças, conhecíamos aqueles brinquedos um por um, de tanto mirá-los nos mostruários – uns , pendentes de longos barbantes; outros, apenas entrevistos em suas caixas. Ah! Maravilhosas bonecas louras, de chapéus de seda! Pianos cujos sons cheiravam a metal e verniz! Carneirinhos lanudos, de guizo ao pescoço! Piões zumbidores! – e uns bondes com algumas letras escritas ao contrário, coisa que muito nos seduzia – filhotes que éramos, então, de M. Jordain, fazendo a nossa poesia concreta antes do tempo.
Às vezes, num aniversário, ou pelo Natal, conseguíamos receber de presente alguns bonequinhos de celulóide, modesto cavalinhos de lata, bolas de gude, barquinhos sem possibilidade de navegação... – pois aquelas admiráveis bonecas de seda e filó, aqueles batalhões completos de soldados de chumbo, aquelas casas de madeira com portas e janelas, isso não chegávamos a imaginar sequer para onde iria. Amávamos os brinquedos sem esperança nem inveja, sabendo que jamais chegariam às nossas mãos, possuindo-os apenas em sonho, como se para isso, apenas, tivessem sido feitos.
Assim, o bando que passava, de casa para a escola e da escola para casa, parava longo tempo a contemplar aqueles brinquedos e lia aqueles nítidos preços, com seus cifrões e zeros, sem muita noção do valor – porque nós, crianças, de bolsos vazios, como namorados antigos, éramos só renúncia e amor. Bastava-nos levar na memória aquelas imagens e deixar cravadas nelas, como setas, os nossos olhos.
Ora, uma noite, correu a notícia de que o bazar incendiara. E foi uma espécie de festa fantástica. O fogo ia muito alto, o céu ficava todo rubro, voavam chispas e labaredas pelo bairro todo. As crianças queriam ver o incêndio de perto, não se contentavam com portas e janelas, fugiam para a rua, onde brilhavam bombeiros entre jorros d’água. A elas não interessavam nada peças de pano, cetins, cretones, cobertores, que os adultos lamentavam. Sofriam pelos cavalinhos e bonecas, os trens e palhaços, fechados, sufocados em suas grandes caixas. Brinquedos que jamais teriam possuído, sonhos apenas da infância, amor platônico.
O incêndio, porém, levou tudo. O bazar ficou sendo um fumoso galpão de cinzas.
Felizmente, ninguém tinha morrido – diziam em redor. Como não tinha morrido ninguém? , pensavam as crianças. Tinha morrido o mundo e, dentro dele, os olhos amorosos das crianças, ali deixados.
E começávamos a pressentir que viriam outros incêndios. Em outras idades. De outros brinquedos. Até que um dia também desaparecêssemos sem socorro, nós brinquedos que somos, talvez de anjos distantes!


MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. 26ª Ed., Rio de Janeiro: Record, 200, (pp. 121-122)

Crônica Reflexiva

A Nossa Vitória de cada Dia


Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceite o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer a sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gaffe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingénuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer «pelo menos não fui tolo» e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.

Clarice Lispector, in 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres'

Crônica Narrativa

EU E BEBU NA HORA NEUTRA DA MADRUGADA, Rubem Braga


"Muitos homens, e até senhoras, já receberam a visita do Diabo,e conversaram com ele de um modo elegante e paradoxal. Centenas de escritores sem assunto inventaram uma palestra com o Diabo. Quanto a mim, o caso é diferente. Ele não entrou subitamente em meu meu quarto, não apareceu pelo buraco da fechadura, nem sob a luz vermelha do abajur. Passou um dia inteiro comigo. Descemos juntos pelo elevador, andamos pelas ruas, trabalhamos comemos juntos.A princípio confesso que estava um pouco inquieto. Quando fui comprar cigarros, receei que ele dirigisse algum galanteio baixo à moça da tabacaria. É uma senhorinha de olhos de garapa e cabelos castanhos muito simples, que eu conheço e me cenhece, embora a gente não se cumprimente. Mas o Diabo se portou honestamente. O dia todo - era um sábado - correu sem novidade. Ele esteve ao meu lado na mesa de trabalho, no restaurante, no engraxate, no barbeiro. Eu lhe paguei o cafezinho; ele me pagou o bonde.À tarde eu já não o chamava de Belzebu, mas apenas de Bebu, e ele me chamava de Rubem. Nossa intimidade caminhava rapidamente, mesmo sem a gente esperar. Quando um cego nos pediu esmola, dei duzentos réis. É meu hábito, sempre dou duzentos réis. Ele deu uma prata de dois mil-réis, não sei se por veneta ou porque não tinha mais miúdo. Conversamos pouco, não havia assunto.À noite, depois do jantar fomos ao cinema... Outra vez me voltou a inquietude, que sentira pela manhã. Por coincidência, ele ficou sentado junto a duas mocinhas que eu conhecia vagamente, por serem amigas de uma prima que tenho no subúrbio. Temi que ele fosse inconveniente; eu ficaria constrangido. Vigiei-o durante a metade da fita, mas ele estava sossegado em sua cadeira; tranquilizei-me. Foi então que eu reperei que ao meu lado esquerdo sentara-se uma rapariga que me pareceu bonita. Observei-a na penumbra. A sua pele era morena, e os cabelos quase crespos. Sentia a tepidez de seu corpo. Ela acompanhava a fita com muita atenção. Lentamente, toquei o seu braço com o meu; era fácil e natural; isto sempre acontece com as pessoas que estão sentadas juntas no cinema. Mas aquela carícia banal me encheu as veias de desejo. Suavemente, deslizei a minha mão para a esquerda. Achei -a linda e tive a impressão de que ela sentia como eu estava emocionado, e que isto lhe dava prazer.Mas neste momento, ouço um pequeno riso e reviro-me. Bebu está me olhando. Na verdade não está rindo, está sério. Mas em seus olhos há uma qualquer malícia. Envergonhei-me como uma criança. A fita acabou e não falamos do incidente. Eu fui para o jornal fazer o plantão da noite.Só conversamos à vontade pela madrugada. A madrugada tem uma hora neutra que há muito tempo observo. É quando passo a tarde toda trabalhando, e depois ainda trabalho até a meia-noite na redação. Estou fatigado, mas não me agrada dormir. É aí que vem, não sei como, a hora neutra. Eu e Bebu ficamos diante de uma garrafa de cerveja num bar qualquer. Bebemos lentamente sem prazer e sem aborrecimento. Na minha cabeça havia uma vaga sensação de efervecência, alguma coisa morna, como um pequeno peso. Isto sempre me acontece: é a madrugada, depois de um dia de trabalheiras cacetes. Conversamos não me lembro sobre o quê. Pedimos outra cerveja. Muitas vezes pedimos outra cerveja. Houve um momento em que olhei sua cara banal, eu ar de burocrata avariado, e disse:- Bebu, você não parece o Diabo. É apenas, como se costuma dizer, um pobre-diabo.Ele me fitou com seus olhos escuros e disse:Um pobre-diabo é um pobre Deus que fracassou.Disse isto sem solenidade nenhuma, como se não tivesse feito uma frase. De repente me perguntou se eu acreditava no Bem e no Mal. Não respondi; eu não acreditava.Mas a nossa conversa estava ficano ridícula. Desagradava-me falar sobre esses assuntos vagos e solenes. Disse-lhe isto, mas ele não deu a nemor atenção. Grunhiu apenas:-Existem.Depois, afrouxou o laço da gravata e falou:Há o Bem e o Mal, mas não é como você pensa. Afinal quem é você? Em que você pensa? Com certeza naquela moça que vende cigarros, de olhos de garapa, de cabelo
Fonte(s):
http://recantodasletras.uol.com.br/teori…

Crônica Reflexiva

O grande sofisma

Não sou responsável pelas minhas insuficiências. Se minha corrente vital é acaso

interrompida e foge de seu leito; se meu ser muitas vezes se desprende de seus suportes e se

perde no vazio; se é frágil a minha composição orgânica e tênues os meus impulsos - culpo

disso os meus pais, a sociedade, o regime, os colégios; culpo as mulheres difíceis, os

governos, as privações anteriores; culpo os antepassados em geral, o mau clima da minha

cidade, a sífilis que veio nas naus descobridoras, a água salobra, as portas que se me

fecharam e os muitos "sins" que esperei e me foram negados; culpo os jesuítas e o vento

sudoeste; culpo a Pedro Álvares Cabral e a Getúlio; culpo o excesso de proibições, a

escassez de iodo, as viagens que não fiz, os encontros que não tive, os amigos que me

faltaram e as mulheres que não me quiseram; culpo a D. João VI e ao Papa; culpo a má-

vontade e a incompreensão geral. A todos e a tudo eu culpo.

Só não culpo a mim mesmo que sou inocente. E ao Acaso, que é irresponsável...

Anibal Machado

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Personagem

PaRaFrase!


Representa uma reescritura do texto original pereservando o sentido original, mas utilizando novas palavras e sinônimos.”

Texto I:
"O teatro, longe de ser apenas veículo da peça, instrumento a serviço do autor e da literatura, é uma arte de próprio direito, em função da qual é escrita a peça. Esta, em vez de servir-se do teatro, é ao contrário material dele. O teatro a incorpora como um de seus elementos. O teatro, portanto, não é literatura, nem veículo dela. É uma arte diversa da literatura. O texto, a peça, a literatura enquanto meramente declamados tornam-se teatro no momento em que são representados, no momentos, portanto, em que os declamadores, através da metamorfose, se transforma em persoagens. A base do teatro é a fusão do ator com a personagem, a identificação de um eu com outro eu - fato que marca a passagem de uma arte puramente temporal e auditiva (a literatura) ao domínio de uma arte espaço-temporal ou audiovisual. O status da palavra modifica-se radicalmente. Na literatura são as palavras que medeiam o mundo imaginário. No teatro são os atores/personagens (seres imaginários) que medeiam a palavra. Na literatura a palavra é a fonte do homem (das personagens). No teatro o homem é a fonte da palavra." ROSENFELD, Anatol. Prismas do teatro. Ed Perspectiva, pp. 22-3.


Paráfrase:
O teatro é uma arte diferente da literatura, ela, no entanto se torna um de seus principais elementos quando a peça é escrita.
É através dos personagens, que são mediadores do mundo real com o imaginário, que o texto, a peça e a literatura tornam-se teatro.




Texto II:
"Ergui-me, tateei a roupa no encosto da cadeira, tirei dos bolsos cigarros e fósforo, debrucei-me à janela, fiquei longamente a olhar o pátio escuro, fumando. Como iria comportar-me? Se me dessem tempo suficiente para refletir, ser-me ia possível juntar idéias, dominar emoções, ter alguma lógica nos atos e nas palavras, exibir a aparência de um sujeito mais ou menos civilizado. Mas na situação nova que me impunham, fervilhavam as surpresas, e diante delas ia decerto confundir-me, disparatar, meter os pés pelas mãos. Ali em baixo, a alguns metros de distância dois vultos ladeando um portão semelhavam pessoas embuçasdas, gigantes embuçadas. Que seriam: Pilates? Deveriam ser pilates. Afastei-me passeei cauteloso, abafando os passos, temendo esbarrar nas cadeiras." RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. José Olympio, 1º vol., p.52.

Paráfrase:
Levantei, passei a mão sobre a roupa e fumando, olhava o pátio escuro. Bem, se me dessem algum tempo para pensar, exibiria uma aparência civilizada, porém naquela situação, eram muitas surpresas a confundir-me.
Vi a alguns metros, pessoas e pareciam olhar-me, vigiando-me. Andei e afastei-me em silêncio.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Contos preferidos

http://claricelispector.blogspot.com/2008/04/menor-mulher-do-mundo.html

http://claricelispector.blogspot.com/2007/11/o-ovo-e-galinha.html

http://www.pensador.info/p/clarice_lispector_o_primeiro_beijo/1/

O ano em que meus pais sairam de ferias


Um filme emocionante com direçao de Cao Hamburger, onde Mauro (Michael Joelsas), um garoto de doze anos, muda sua vida completamente quando seus pais entram de ‘férias inesperadas’. Enquanto seu sonho era ver a seleção brasileira se tornar tricampeã mundial de futebol, seus pais foram perseguidos pela ditadura e obrigados a fugir. Ele passa a viver com um velho judeu em um bairro que abriga diversas culturas. Enquanto vive momentos de tristezas pela situação de seus pais, vibra com o desempenho da seleção.

É um filme interessantissimo, que me fez refletir bastante!Ameiii!

Fragmentaçao_Livitchas


Mãe chamando, reclamar, ligar a tv, trocar o canal, café, academia, banho, casa.

Almoço,tchau mãe, sol, banho, internet, rua.
.
Conversas, lanche, salão, acelerar, casa, banho, materiais, roupas, acelerar, CORRE...onibus, tedio, conversas, asfalto, Faminas.
Cantina, aula, intervalo, conversas, lanche, fofocas, aula.Correr,onibus, cantarolar, asfalto, casa,tv,internet.
Boa noite mae,mecher no cel,enviar msg,sono..

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O fim da incopetência


Casar com a filha do dono da empresa, arrumar emprego público, ter padrinho político, ou obedecer piamente às ordens do chefe eram, em linha gerais, os caminhos para o sucesso no Brasil.
QI era sinônimode ''quem indica''. Ter maestrado no exterior, falar cinco idiomas, desenvolver nova tecnologia, caminhos certos para o Primeiro Mundo, em nada adiantava aqui. As empresas brasileiras mamando nas tetas'' do governo, com créditos subsidiados, numa economia protegida, eram obviamente super-rentáveis, mesmo sem muita sofisticação administrativa. Até um perfeito imbecil tocava uma empresa brasileira nauqelas condições, fato que irritava sobre maneira esquerda e os acadêmicos, que na época dirigiam a economia. Está ai uma das razões menos percebidas de onda de estatização a que assistimos no Brasil.
Contratar pessoas copetentes, além de desnecessário, era desperdício de dinheiro. Num país em que se vendiam carroças a preço de carro importado, engenheiros especializados em ''airbags'' morriam de fome. Copetência num ambiente daqueles não havia razão para ser valorizada. Os jovens naquela época não viam necessidade de adquirir conhecimentos, só precisavam passar de ano. Alunos desmotivados e baderneiros geraram prefessores desmotivados e doentes, instalando um perverso círculo vicioso que tomou conta das nossas escolas hoje.
Tudo isso, felismente, já está mudado. Empresários incopententes estão quebrando ou vendendo o que sobrou de suas empresas para multinacionais. Por muitos anos, quem no Brasil tivesse um olho era rei. Daqui pra frente, serão necessários dois olhos, e bem bem abertos. Sai o sábio e erudito sobre o passado e entra o perspicaz previsor do futuro. Sai o improvisador e o esperto, entra o conhecedor do assunto.
A regra básica daqui para frente é a competência. Competência profissional, experiência prática e não teórica, abilidadesde todos os tipos. De agora em diante seu sucesso será garantido não por quem o conhece, mas por quem confia em você. Estamos entrando numa nova era no Brasil, a era da meritrocacia. Aqueles bônus milionários que um famoso banco de São Paulo vive destribuindo não são para os filhos do dono, mas para os funcionários que demonstram mérito.
Felizmente, pra os jovens que querem subir na vida, o mérito será remunerado, e não desprezado. Já se foi a época em que o melhor aluno da classe era ridicularizado e chamado de CDF.
Se o filho de classe média não está levando o o Ensino Fundamental e o Ensino Médio a sério, ele será rudemente surpreendido pelos filhos de classes mais pobres, que estão estudando como nunca(fora,claro, aqueles que continuam a achar a mediocridade um bem-estar). As classes de baixa renda foram as primeiras a perceber que a era do status acabou, hoje, até filho de rico precisa estudar, e muiiiiiii...to!
Vinte anos atrás, eram poucas as empresas brasileiras que tinham programas de recrutamento nas faculdades. Hoje, as empresas possuem ativos programas de recrutamento nas faculdades, não somente aqui, mas também no exterior. os 300 brasileiros que estão atualmente cursando mestrado em administração lá fora estão sendo disputados a peso de ouro.
Infelismezmente, os milhares de jovens copetentes de gerações passadas acabaram não se desenvolvendo e tiveram seu talento tolhido pelas circunstâncias. Talvez eles não tenham mais pique para desfrutar essa nova era, e na minha opinião essa é a razão da prfunda insatisfação atual da velha classe média. Mas os jovens de hoje, especialmente queles que desenvolveram um talento, os estudiosos e copetentes, poderão finalmente dormir tranquilos. Não terão mais de casar com a filha do dono,arrumar um padrinho ou aceitar o desaforo de um patrão imbecil.
O talento está sendo valorizado e remunerado no Brasil como é mundo afora. Talvez ainda mais assustador seja reconhecer que o Brasil não será mais fividido entre ricos e pobres, mas sim entre competentes e incopetentes. Os incopetentes, os preguiçosos e os malandros da escola que se cuidem, pois seão os futuros ''escravos'' dessa sociedade pós-moderna.





(Stephen Kanitz é professor universitário,doutor em RH,Consultoria Administrativa e colunista da Veja)

As surpresas no pedir


Eu pedi coisas, e Deus me deu atitude de vida.
Eu pedi favores,e Ele me deu oportunidades.

Eu pedi saúde, e Deus me deu força.
Eu pedi muitos anose de vida, e ele me fez compreender o sentido de viver.

Eu pedi soluçao dos problemas,
e Deus me deu sabedoria.

Eu pedi muitas novidades,
e Ele me fez saborear o momento presente.

Eu pedi respostas, e Deus me fez outras perguntas.
Eu pedi clareza, e ele me conduziu por seu Espírito.

Eu pedi a graça de chegar, e Deus me fez compreender que cada chegada é novo recomeço.
Eu pedi muitas aventuras e experiências fortes, e Ele me fez compreender a aventura da vida.

Eu pedi ser mais voluntarista, e Deus me fez mais humilde.
Eu pedi pedi respostas prontas,e Ele me fez mais livre.

Eu pedi compreender o sentido da vida, e Deus me fez olhar para o proximo.
Eu pedi vibrar mais na missão, e Ele me fez saborear a força da oração.

Eu pedi muito, e Deus me favoreceu o essencial.
Eu pedi resultados, e Deus me deu capacidade de decidir.

Senhor,eu pedi, e pedi muitas vezes, e,pouco a pouco, aprendi a graça de agradecer.
Eu falava muito e aprendi a riqueza do silêncio e a alegria de estar contigo.

Obrigado, Senhor!
Eu não recebi tudo o que pedi, mas recebi tudo que precisava!
''Quanto maior o desafio,mais apaixonante a vida''


(Dom Hélder Câmara)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Outro dia..tragico!


Outro dia um vizinho queria roubar meu porco..era o Toizé,meu porco preferido,ele usava gravata era gordo feito um capado e so me trazia felicidade,ele era meu melhor companheiro apesar que todos os meus porcos tem um valor especial.
Quando vi aquele rabugento do meu vizinho tentanto laçar o Toizé fiquei sem reaçao,nao conseguia fazer nadaa a nao ser imaginar meu porquinho dentro de uma panela,via aquela barriga imensa do vizinho e pensava coitado do Toizé nao merece um fim desse.
Derrepente no meu instinto suino dei aquele grito: sOOOOOlta ele!
Mais nada adiantou!
Corri com a espingarda atras daquele barrigudo para soltar bala em cima dele..onde ja se viu tentar tirar o toizé de mim?
Quando vi que nao tinha mais como livrar meu amado daquele barrigudo, eu atirei..
Mais a bala pegou nele..no meu porquinho lindo..e hoje minha vida nao é mais a mesma
Crio meus porcos com carinho,mais tiraram minha maior alegria..o Toizé!

Maria pé de porco


Oi eu sou a Maria pé de porco,eu amo porco,eu vivo pelos meus porcos,quando alguem mata um porco eu quase me mato,eles sao tudo pra mim..
Outro dia um porco meu morreu,coitado..ai eu peguei e fiz aquele ensopadao..coloquei pé de porco,orelha de porco,o fucinho do porco,e todos ficaram apaixonados com o ensopado..mais ninguem sabe que o segredo do tempero é aquela sugerinha que fica de baixo da unha do porco..vc mistura no tempero que fica uma delicia!