quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O fim da incopetência


Casar com a filha do dono da empresa, arrumar emprego público, ter padrinho político, ou obedecer piamente às ordens do chefe eram, em linha gerais, os caminhos para o sucesso no Brasil.
QI era sinônimode ''quem indica''. Ter maestrado no exterior, falar cinco idiomas, desenvolver nova tecnologia, caminhos certos para o Primeiro Mundo, em nada adiantava aqui. As empresas brasileiras mamando nas tetas'' do governo, com créditos subsidiados, numa economia protegida, eram obviamente super-rentáveis, mesmo sem muita sofisticação administrativa. Até um perfeito imbecil tocava uma empresa brasileira nauqelas condições, fato que irritava sobre maneira esquerda e os acadêmicos, que na época dirigiam a economia. Está ai uma das razões menos percebidas de onda de estatização a que assistimos no Brasil.
Contratar pessoas copetentes, além de desnecessário, era desperdício de dinheiro. Num país em que se vendiam carroças a preço de carro importado, engenheiros especializados em ''airbags'' morriam de fome. Copetência num ambiente daqueles não havia razão para ser valorizada. Os jovens naquela época não viam necessidade de adquirir conhecimentos, só precisavam passar de ano. Alunos desmotivados e baderneiros geraram prefessores desmotivados e doentes, instalando um perverso círculo vicioso que tomou conta das nossas escolas hoje.
Tudo isso, felismente, já está mudado. Empresários incopententes estão quebrando ou vendendo o que sobrou de suas empresas para multinacionais. Por muitos anos, quem no Brasil tivesse um olho era rei. Daqui pra frente, serão necessários dois olhos, e bem bem abertos. Sai o sábio e erudito sobre o passado e entra o perspicaz previsor do futuro. Sai o improvisador e o esperto, entra o conhecedor do assunto.
A regra básica daqui para frente é a competência. Competência profissional, experiência prática e não teórica, abilidadesde todos os tipos. De agora em diante seu sucesso será garantido não por quem o conhece, mas por quem confia em você. Estamos entrando numa nova era no Brasil, a era da meritrocacia. Aqueles bônus milionários que um famoso banco de São Paulo vive destribuindo não são para os filhos do dono, mas para os funcionários que demonstram mérito.
Felizmente, pra os jovens que querem subir na vida, o mérito será remunerado, e não desprezado. Já se foi a época em que o melhor aluno da classe era ridicularizado e chamado de CDF.
Se o filho de classe média não está levando o o Ensino Fundamental e o Ensino Médio a sério, ele será rudemente surpreendido pelos filhos de classes mais pobres, que estão estudando como nunca(fora,claro, aqueles que continuam a achar a mediocridade um bem-estar). As classes de baixa renda foram as primeiras a perceber que a era do status acabou, hoje, até filho de rico precisa estudar, e muiiiiiii...to!
Vinte anos atrás, eram poucas as empresas brasileiras que tinham programas de recrutamento nas faculdades. Hoje, as empresas possuem ativos programas de recrutamento nas faculdades, não somente aqui, mas também no exterior. os 300 brasileiros que estão atualmente cursando mestrado em administração lá fora estão sendo disputados a peso de ouro.
Infelismezmente, os milhares de jovens copetentes de gerações passadas acabaram não se desenvolvendo e tiveram seu talento tolhido pelas circunstâncias. Talvez eles não tenham mais pique para desfrutar essa nova era, e na minha opinião essa é a razão da prfunda insatisfação atual da velha classe média. Mas os jovens de hoje, especialmente queles que desenvolveram um talento, os estudiosos e copetentes, poderão finalmente dormir tranquilos. Não terão mais de casar com a filha do dono,arrumar um padrinho ou aceitar o desaforo de um patrão imbecil.
O talento está sendo valorizado e remunerado no Brasil como é mundo afora. Talvez ainda mais assustador seja reconhecer que o Brasil não será mais fividido entre ricos e pobres, mas sim entre competentes e incopetentes. Os incopetentes, os preguiçosos e os malandros da escola que se cuidem, pois seão os futuros ''escravos'' dessa sociedade pós-moderna.





(Stephen Kanitz é professor universitário,doutor em RH,Consultoria Administrativa e colunista da Veja)

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