quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Crônica Poética

Lápis de Cor


Para um menino lápis de cor com pássaros na cabeça*

Não há mais novidade em te dizer isso. Afinal, te propus que fotografes borboletas, te disse dos pássaros, já te chamei de lápis de cor. Não é fácil estar longe quando dentro tem-se borboletas que esperam por cores, por movimento, pela abertura da gaiola. Mas há um rompimento entre o que carrega-se dentro e o lado de fora. É abrupto de distância, um sulco na alma. Soluço temperado de impossibilidades. Magritte coloca no canvas a imagem que faço de ti, o colorido que trazes para mim. O amarelo que outrora fora incerto e desdenhado, agora resplandece água, suporta o vermelho das flores. Faz o lápis tocar o papel e ritualizar os segundos. Miragem.
Ainda assim quero te mostrar a fotografia do viés de antes: imagens ocas e em preto e branco. Grafite espesso moldando tudo em mim. Mosaicos em forma de asas, pássaros, borboletas. Uma espécie de jardim secreto. Vieste lápis policromático, multifacetado. Não sei como me chegaste, por quais descaminhos. E nem sei a hora da partida. Mas te narro esse estreito laço que nos une com cores, novos tons. Vou continuar desenhando dentro de mim, vou variar as formas, as asperezas. Vou varar noites procurando. E etérea flutuar nos dias de mares amarelos, de marés constantes, de cheias e memórias que revelam céus e ocasos lápis de cor.


http://amaritima.blogspirit.com/cronica_poetica/

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